quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Memória e Verdade - Ditadura Militar

Então era me dada a chance de viver outra vez, mas viver por quanto tempo?
Algumas centenas de horas continuamente se passaram, enfim, me deparei com um senhor, um rosto fugaz e crítico, curiosamente me acolheu, e este é um dos fatos mais importantes que fizeram estar onde estou. Inesperadamente me deparei dentro de massônica união opositora o regime militar, em 1953 tornei-me membro da junta  comunista do estado de São Paulo.''Se o penhor desa igualdade, conseguimos conquistar com braço forte, em teu seio, ó liberdade, desafia nosso peito a própria morte'', tornei-me brasileiro.
Durante muitas lutas, passeatas, nossa revolução estava sendo sucintamente ouvida. Era um clamor, os jovens, lutava-se contra o exército, lógicamente a repressão era o que sustentava o receio de sair as ruas, mas a ânsia pela liberdade era o que nos mantia em pé, em frente a cavalaria; e por lá ficamos durante muito tempo.
Era um domingo, minha mulher aprontava a mesa enquanto as crianças ouviam meu pai tocar suas velhas cantigas, exato dia em que uma das maiores passeatas seria feita na Praça da Sé, e eu estaria a frente, como presidente do partido comunista de São Paulo.
Interrompidamente, este dia se desfez, "paz no futuro e glória no passado", ainda hoje me questiono se isso é verdade. Inesperadamente deparei de pé à minha porta, o Coronel, sim aquele mesmo homem pertencente ao exército brasileiro, era o mesmo o qual me ensinou destripar verdades não ditas. Este homem em 1948, ensinou-me a torturar aqueles, que neste dia que lhes digo ser 30 de agoto de 1971, compartilhavam a minha ideologia democrática.
Ao som do galopar dos cavalos que invadiam minha casa, fui levado ao ponto final em todos somos destinados a chegar, recipocramente sofri, como um eterno retorno de nossas ações. Sofri todas a as torturas que condenei àqueles do meu passado. Forçado a dizer verdades estripadas sobre minha política, torturado a expor todos os membros participantes deste comungo, extraindo como minha vida as estratégias comunistas. Minha família foi destruida, centenas de membros comunistas foram encontrados, torturados e mortos, da forma mais sutil possível, eu morri.                                         
Eu realmete morri, mas meus ideais não, a queda do regime militar se deu após quatorze anos da minha morte, nada naquela sala foi revelado no que diz respeito ao partido ao qual  fui presidente. Durante a ditadura militar essas “mortes” e “desaparecimentos” foram frutos das ações violentas e sanguinárias do Estado. Eles poderiam até mesmo saber de todas as estratégias e dos combatentes a este regime, mas o que eles não poderiam era  exumar de nenhum de nós, nossa coragem guiada pelo 'o sol da liberdade, em raios fúlgidos', pois sabiamos que o dia ' Iluminado ao sol do Novo Mundo! ' enfim, chegaria, a democracia.

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