terça-feira, 30 de outubro de 2012

O amor acaba - Por Paulo Mendes Campos

Demasiadamente lindo, nos entretons de um dia de primavera lendo Paulo Mendes de Campos, paira nesta tarde a lírica do amor nas entrelinhas d'um poema ...



O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012



BURMESTER, Ana Maria de Oliveira.  A Sociedade Paranaense em Reflexão: disciplinarização e Trabalho: Curitiba, fins do século XVIII, inícios do XIX. P.117-126

Tradição Reformada uma ideologia sociocultural com raízes na Reforma, grande mudança estabelecida pela instituição da ordem burguesa, ou seja, nos fins do século XVIII e inicio do século XIX houve importantes modificações nos conceitos referentes ao Estado, governo, família e população; a criação da instância de poder idealizado pela hegemonia social, a burguesia que tinha como visor o sistema capitalista incluindo não apenas bens materiais mais também ideias.
O projeto constituía a modernização do Estado e a ideia de enquadrar, disciplinar, organizar toda população. Marquês de Pombal instrumentalizou esse projeto, em uma relação de segurança população e governo, não focalizando somente o território, mas pensando na população, ou seja, a família como instrumento de governo, construindo um modelo de vida e estratégias utilizadas para organizar esta mesma população.
Mudanças de hábito como da privacidade, a norma e o controle social, caracterizados neste período envolviam investidas governamentais a respeito de festejos religiosos, arruamento, norma para a construção de casas e eleições para câmara, como  alistamento nas milícias; vendo que para a arte de governar exige-se a presença do Estado, controlando fundos e dirigindo a própria construção. Com a presença do Estado houveram criações de cadeias, bons costumes, e explicitamente investidas moralizadoras a qual todos deveriam ser recrutados e enquadrados ao projeto. Por estas formas de controle, as reclamações da população quanto ao recrutamento forçado de homens para o aprovisionamento das tropas, houve resistências, e assim junto a elas fugas durante os recrutamentos.
Nesta ordem burguesa a instituição do trabalho tende a disciplinar e organizar a sociedade da forma a qual aja a valorização do trabalho e a extração do ócio, mobilizando assim hierarquicamente a população tornarem o dito trabalho um hábito, mesmo que ainda fossem presente elementos que não se enquadrassem ao projeto. 



CANCLINI, Nestor Garcia. O Patrimônio Cultural e a Construção Imaginária do Nacional. P. 96-98

Pode-se pensar por um viés que o patrimônio histórico por si só transparece uma visão um tanto harmônica em meio a sociedade, desmistificando de classes e etnias aqueles apreciadores que compartilham destes bens patrimoniais, e até mesmo o valor histórico contido nestes estagnam qualquer fração social. Mas, no conceito   de patrimônio sobre os princípios da teoria da reprodução da cultura, os processos culturais efetuam a manutenção das estruturas económicas e sociais existentes. A cultura transmitida na escola é a cultura da classe dominante que passa a impor-se como a cultura por excelência. Portanto os bens pertencentes a uma unidade não pertence a todos, conforme decrescentes na escala social e educacional as chances de apropriar-se do capital cultural transpassado por museus, escolas e organizações educacionais, diminui, pois cada grupo, em uma análise antropológica e social se apropria da herança cultural de forma desigual.
A incorporação generalizada dos aspectos culturais acaba em uma estreiteza, a qual é priorizada a cultura que se encaixa melhor como um produto, um capital cultural que prioriza a arte e não incorpore o artesanato, mas quando esses aspectos são introduzidos em meio a um capital cultural, é tido como secundário ‘’capital cultural dos grupos subalternos’’. Contudo, o patrimônio tem seus componentes comparados ao mesmo capital, como o de Marx, o qual produz, gera lucros, produz mais, e é distribuído desigualmente aos outros setores, comparemos então com o capital cultural investido na sociedade como um todo, mas distribuído em partes com pesos variáveis, portanto o patrimônio não tem um sentido fixo e menos ainda neutro. Diferentemente das sociedades arcaicas, as quais o capital cultural comum era compartilhado igualmente, tanto como a sua crença e conhecimentos, por conseguinte essa heterogeneidade experimental foi substituída pelas hegemonizadas divisões do trabalho, para apropriação privilegiada do patrimônio.
O patrimônio mostra-se como um meio para reproduzir diferenças, frisando que por excelência a classe dominante tem um acesso preferencial a distribuição e produção dos bens, além do capital, possui um saber histórico acumulado, como formados arquitetos, esvaindo-se em recursos e possibilidades, o que decaem por chão a produção de uma classe menos favorecida, que utiliza dos meios que pode usufruir, não se restringindo de criatividade, prendendo-se mais a uma história local e adequando-se as necessidades presentes no determinado período de tempo. O produto fabricado pela população resulta em memória curta, a própria história dentro de um contexto social e também antropológico necessita considerar e reconhecer o lugar dessa cultura urbana dentro do patrimônio nacional.





terça-feira, 16 de outubro de 2012

REIS, José Carlos. Escola dos Annales. RJ: Paz e Terra, 2003.




Sob um novo modelo de se entender a história, os Annales  reconstruíram no tempo histórico uma representação histórica inspirada na estrutura social diretamente ligada as ciências sociais com um olhar temporal, objetivando a dominação do evento, propondo desvitalizar este que representa todas e quaisquer mudanças e instabilidades presentes no tempo humano, trazendo a luz o pensamento grego mítico-poético e filosófico que busca a eternidade no presente, trata-se de movimentos regulares e não do transitório, sob a perspectiva das ideias eternas. Diferentemente da mudança epistemológica substancial de Heródoto sobre o homem no tempo vivido, fundamentado no movimento, transitoriedade, mudança, sucessões, descontinuidades do tempo do Homem, Homem este temporal, finito, histórico; em sua concepção o eterno seria indescritível, pois a singularidade permite o acompanhamento do indivíduo e suas mudanças provendo deste uma análise e sua descrição. 

Funda-se a nova ciência por Heródoto que enfatiza a valorização do passado.
A vertente pela qual se produz a História, o tempo que se fala de acordo com Heródoto, contempla a necessidade do olhar do historiador ser estruturado por uma representação do tempo histórico, o qual o conhecimento histórico só é possível dentro deste tempo; essa representação familiariza-se com a ideia kantiana que leva o historiador a objetivar o mundo de certa maneira, na construção de conceitos, seleção de objetos; tornando a realidade dos processos históricos reconhecível com sentido e significado.
Porém tratando de outra vertente, o tempo histórico dos Annales considera propriamente a interdisciplinaridade, na nova representação do tempo, ao se aproximar das ciências sociais os Annales promoveram uma revolução profunda sobre o conceito de tempo histórico, houve uma percepção do mundo com outra temporalidade; a permanência do tempo histórico tradicional causaria a impossibilidade da cooperação interdisciplinar se mantivessem sua representação; A prática da interdisciplinaridade exigiu outra representação do tempo dos homens.
A abordagem sucessiva da história tradicional na perspectiva das ciências sociais era insatisfatória para uma compreensão da história do século XX, opondo-se a visão da história como a construção linear e acelerada do futuro, contra a abordagem teológica as ciências sociais partirão para uma abordagem estrutural do tempo histórico. Valorizam mais as transformações estruturais do que as mudanças qualitativas, buscam na sociedade uniformidade, homogeneidade, permanência, sendo um tempo anti-sucessão que enfatiza a interdependência dos eventos humanos, um tempo que submete o mundo dos homens a uma lógica matemática. São contra a mudança brusca, a aceleração do tempo produzida pela modernidade revolucionaria, contra a implantação do futuro no presente, propondo a desaceleração do tempo; tornando o presente mais contemporâneo, objetivando o controle da mudança social, sendo esta previsível e harmoniosa sem quebrar as estruturas sociais.
Os eventos são amortecidos, integrados na sociedade como elementos que a transformam, mas não a muda, a ligação do passado com o presente torna o passado presente e tira a hipótese do presente se tornar passado, representando assim a temporalidade, propondo de acordo com a estrutura grega, anti-histórica que recusa a sucessão e propõe a simultaneidade, a abstração.

A relação entre presente, passado e futuro enfraquece-se, enquadra-se uma representação simultânea, aplicando a dialética da duração, ou seja, as mudanças humanas enquadram-se, incorpora homogeneidade, regularidade, reversibilidade.  A mudança sempre irá pairar sobre uma estrutura sólida que irá absorvê-la, criando a continuidade, pois no interior das estruturas os elementos cíclicos compensam-se, mesmo o evento sendo grandioso ele não rompe com a estrutura que o sustenta; sendo este tempo dos Annales uma desaceleração cautelosa, a mudança que altera o mundo histórico é vista entre as estruturas, o tempo volta a ser devir, porém não há um vínculo entre as estruturas. A história renovou-se teórico-metodologicamente a partir da reconstrução do tempo histórico, com um mundo histórico mais durável, mais resistente a mudanças e menos volátil, incluindo conceitos no conhecimento histórico como análise, problematização, quantidade. As ações humanas são percebidas como coletivas, o homem não é somente o agente da história, mas o resultado da mesma.
Com esta renovação não há a possibilidade de o historiador separar a história, dividi-la em pré-história e história, há a busca do preenchimento de lacunas, da recuperação da palavra, não estando mais submetido a heurística a qual a história só era possível através de documentos. A ampliação do campo dos objetos, das fontes e técnicas históricas é a renovação advinda da proposta teórica da história-problema, a história sendo possível pela existência do problema, este sendo a origem da pesquisa, é o problema que dará a direção para o acesso aos dados sobre determinado tema e a verificação de hipóteses que este provoca; sendo então o historiador um intérprete dos processos históricos, este interroga o passado e constrói os dados necessários que sustentam suas hipóteses, opondo esta história-problema a narrativa da história tradicional.  A história tradicional dá ênfase a história acontecimental, o homem era visto a partir de um olhar de cima na história política, grandes ideias, enfim uma justificativa do poder presente, visava o particular e o singular, retira-se a narrativa histórica de povos e indivíduos livres que caminhavam em direção a liberdade; Com a renovação dos objetos há a mudança no conceito de fonte histórica, enfatizando os condicionamentos econômico-sociais, revelando esta pesquisa, a longa duração. Diferentemente da história tradicional que utilizava de documentos oficiais, a história dos Annales utilizara de documentos que relatavam a vida cotidiana das massas anônimas, como certidões de óbito, nascimento, contratos, testamentos. Procurando preencher os espaços vazios, os Annales utilizavam de escritos como psicológicos, orais, musicais, religiosos, poéticos; assim como diversas documentações das ciências sociais: empresas, balanços comerciais, arquivos bancários, cultos.

A ciência dos Annales representa mais uma forma da busca pela ‘’salvação’’, como a de um mundo pragmático cristão, ou seja, buscam a garantia de uma estruturação do mundo dos homens com estabilidade e harmonia utópicas, pretendendo o controle da mudança brusca, a suspensão do devir e   a permanência da paz, A continuidade controla a sucessão dos eventos, as mudanças sem controle; a utilização de uma estratégia de evasão do tempo histórico que distancia o homem do evento brusco, traumático, almejando um tempo harmonioso constituído pela dialética da multiplicidade dos tempos.

A Constituição de 1824




A Constituição nada mais é do que lei fundamental do Estado, é o conjunto de forças politicas, econômicas e ideológicas, que conforma a realidade social e configura a particular maneira de ser do mesmo.
A Constituição poderia ser conceituada como um conjunto de normas legislativas que se diferenciam das demais por necessitarem de um processo mais dificultoso. Tal desenvolvimento caracteriza-se por exigir à criação de um órgão legislativo, com a função de elaborar a Constituição, denominado a assembleia constituinte, que necessita de um quorum especial para a sua aprovação e a sujeição do projeto de lei a aprovação popular. Poder Constituinte consiste na faculdade que todo povo possui de fixar as linhas mestras e fundamentais sobre as quais deseja viver.

No Brasil, em 1823 ocorreu a tentativa de uma consolidação da Constituição, o projeto refletia os interesses do partido brasileiro, não permitindo a participação de portugueses na Assembleia. O texto limitava ao máximo o poder do Imperador, valoriza e ampliava o do Legislativo. Estabelecia que D. Pedro I não tinha poder para dissolver o Parlamento, os atos da Constituinte não estariam sujeito às sanções do Soberano.  Para o Imperador e os círculos políticos que o apoiavam, era necessário criar um Executivo forte, capaz de enfrentar as tendências “desagregadoras”, justificando-se assim a concentração de maiores atribuições nas mãos do Imperador.
A disputa entre os poderes acabou resultando na dissolução da Assembleia Constituinte por Dom Pedro. Logo em seguida, cuidou-se de elaborar um novo projeto, que foi promulgado em março de 1824.  A Constituição representava um avanço, organizava os poderes, definia atribuições e garantia direitos individuais. Porém, sua aplicação era muito relativa.
Nesse sentido, definiu-se um governo monárquico, hereditário e constitucional. O Império teria uma nobreza, mas não uma aristocracia; a hereditariedade com relação aos títulos foi eliminada, a religião católica romana continuou como oficial, sendo permitido o culto de outras religiões apenas em particular. O Poder Legislativo foi dividido em Câmara e Senado, a eleição para a Câmara era temporária, a do Senado vitalícia. O processo eleitoral no Senado destinava a eleger uma lista tríplice em cada província , permitia ao Imperador escolher três nomes e caracterizava o Órgão como apêndice de D. Pedro.  O país foi dividido em províncias cujos presidentes também eram nomeados por ele.

O voto era indireto e censitário, indireto porque os votantes estavam inseridos em um corpo eleitoral, que elegia os deputados. Censitário, porque só podia ser votante quem atendesse determinados requisitos, de caráter econômico. Os escolhidos nas eleições primárias formavam o corpo que elegeria os deputados, nessa fase votavam cidadãos brasileiros, escravos libertos e os candidatos deveriam ter renda mínima de 200 mil-réis.
Instituiu-se o Poder Moderador, que era resultado da ideia de Benjamin Constant, por quem D. Pedro era influenciado. Era feita a separação entre Poder Executivo (ministros do rei) e Poder Imperial. Segundo sua concepção, a função natural do poder real em uma monarquia constitucional seria a de um mediador neutro, capaz de resolver os conflitos entre os três poderes instituídos e também entre as facções políticas. Teoricamente, seria a mediação das disputas mais sérias e gerais, interpretando a vontade e interesse nacional. Na prática, todo poder ficava retido nas mãos do Imperador, não havendo a separação do Poder Executivo.
Na própria Constituição, estava previsto que a figura do Imperador seria inviolável e sagrada, não sujeito a responsabilidade alguma. Cabia a ele a nomeação dos senadores, a dissolução da Câmara e convocar eleições para renová-la, e o direito de aprovar ou vetar decisões da Câmara e do Senado.

Na realidade o regime adotado evidenciou uma ditadura constitucional, que tinha o comando absoluto e arbitrário do Imperador. O que poderia representar a harmonia e o equilíbrio entre os Poderes, tornou-se o exercício ilimitado das ações imperiais. “A Constituição pertence ao universo do “ser” e não ao universo do “deve ser” do qual o direito faz parte” (Bastos, p.104). Em sentido amplo, a Constituição adotada no Brasil não abrange aos interesses da camada popular, suas leis deveriam atender às necessidades do povo e fomentar as discussões sobre o percurso da garantia dos direitos sobre os quais desejariam viver.
A Constituição como forma de organização politica praticamente inexistiu, D. Pedro se fez valer das leis para sustentar sua própria soberania. Por sua vez, o projeto não atendeu o fim para o qual foi concebido e destinado, instaurou-se a vontade do monarca e a imposição de seus ideais políticos e administrativos.


VIANNA, Hélio.  História do Brasil. IN: Período Colonial: A Constituinte  de 1823 e a Constituição de 1829. Ed: Melhoramento, 1963.
FAUSTO, Bóris. História do Brasil
Esta é a Nossa História

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O PESO E A LEVEZA - Planejamento de aula



PENSADORES                       ANÁLISES
MILAN KUNDERA                O Peso e a leveza
BEETHOVEN                          Muss es sein? ( Tem de ser?)
PARMÊNIDES                        Positivo e negativo
NIETZSCHE                            Doutrina do eterno retorno

Após uma apresentação dos pensadores e suas teorias, citadas acima,  da-se início a associação das análises; juntamente com apresentação em slides para uma melhor metodologia, como fotografias dos pensadores e dos videos abaixo, são de suma importância e tornarão a aula mais interessante e dinâmica. 


 (...) Se cada segundo de nossas vidas deve se repetir um número infinito de vezes, estamos pregados na eternidade como Cristo na cruz. 
Que idéia atroz! 



Eterno Retorno - Nietzsche



No mundo do eterno retorno, cada gesto carrega o peso de uma insustentável leveza.
Isso é o que fazia com que Nietzsche dissesse que a idéia do eterno retorno é o mais pesado dos fardos.
Se o eterno retorno é o mais pesado dos fardos, nossas vidas, sobre esse plano de fundo, podem aparecer em toda sua esplêndida leveza.


Mas na verdade, será atroz o peso e bela a leveza?

Então, o que escolher? O peso ou a leveza?

Parmênides


Foi a pergunta que Parmênides fez a si mesmo no século VI antes de Cristo. Segundo ele, o universo está dividido em duplas de contrários:
a Luz e a Obscuridade, o Grosso e o Fino, o Quente e o frio, o ser e o não-ser. Ele considerava que um dos pólos da contradição é positivo  (o claro, o quente, o fino, o ser), o outro, negativo.


Essa divisão em pólos positivo e negativo. Pode nos parecer de uma facilidade pueril. Menos em um dos casos: o que é positivo, o peso ou a leveza?
 Parmênides respondia: o leve é positivo, o pesado negativo. Teria ou não razão?
Uma coisa é certa. A contradição pesado-leve é a mais misteriosa e a mais ambígua de todas as contradições.

Quarto movimento do último quarteto opus 135
A verdadeira história do famoso tema de Beethoven, ‘muss es sein?es muss sein!’’

- Um certo Sr. Dembscher devia cinqüenta florins a Beethoven, e o compositor que vivia sempre sem um tostão, foi cobrar ele. ‘Muss es sein? Será preciso?’’ suspirou o pobre Sr. Dembscher. E Beethoven respondeu com um sorriso malicioso: ‘’ Es muss sein! Sim é preciso!’’ (...)

(...) Beethoven

 Beethoven anotou essas palavras que mais tarde compôs em seu ultimo movimento do quarteto opus 135;

 O alemão é uma língua de palavras pesadas. ‘’ Es muss sein’’(é preciso), de brincadeira, passou a ‘’der scher gefasste entschluss’’(decisões difíceis que conduzem ao mais amplo)’é preciso’’ tornou-se uma decisão gravemente pesada.’’
Beethoven transforma, portanto, uma inspiração cômica num quarteto sério, uma brincadeira em verdade metafísica.



É um exemplo interessanteda passagem do leve para o pesado, segundo Parmênides, mudança do positivo em negativo.






Milan Kundera

O PESO;
‘’O mais pesado dos fardos nos esmaga, nos faz dobrar sob ele, nos esmaga contra o chão. O fardo mais pesado é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da mais intensa realização vital.



 


- Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira. 

Aquilo que é leve

A ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar,
com que ele voe ,
se distancie da terra,
do ser terrestre,
 faz com que ele se torne semi-real,
que seus movimentos sejam tão livres
quanto insignificantes.

          
          (...) a leveza;




"Cada um ali vive intensamente sua vida, lhe dá um peso que equivale à imagem que fazem de si e as suas expectativas sobre os outros. Cada um ali se defronta com a leveza quando se despem disso, e suas vidas se tornam então insuportáveis."

           PLANEJAMENTO DE AULA

 NOME DO COLÉGIO:  Universidade Tuiuti do Paraná - 3º Período                                                                   

SÉRIE:        8º ano                       DISCIPLINA:      História                    

PROFESSOR: Caroline Vassão

OBJETIVO GERAL: Compreender o processo de reflexão sobre os aspectos de Milan Kundera, Beethoven e Parmênides no que diz respeito ao peso e a leveza presente em nossas vidas.


                                                     CONTEÚDO 

- A divisão dos polos positivos e negativos filosoficamente
- A doutrina do eterno retorno como um fardo
- Análises de Milan Kundera sobre peso e leveza no ser humano.


                                                      OBJETIVOS  

- Analise sobre a doutrina do eterno retorno por Nietzsche
- Associação das análises de Beethoven no opus 135 nº 16 e a de Parmênides sobre o que é  positivo e  negativo
-  Conceitualização do que é positivo o peso ou a leveza? De acordo com Milan Kundera.

                                                    METODOLOGIA  
                                                                                                                                                               
Apresentação de slides em PowerPoint

                                                   AVALIAÇÃO

O aluno deverá descrever sua  compreensão sobre peso e leveza, utilizando como linha de pensamento a análise de Milan Kundera, Parmênides ou Beethoven.




REFERÊNCIAS: Kundera, Milan. A Insustentável Leveza do Ser. Ed: Nova Fronteira; Opus 135:IV, Beethoven;  Café Filosófico, A alegria e o trágico em Nietzsche [Roberto Machado]; Beleza Americana, Sam Mendes.




quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Murmúrio

Apressa-te a viver num lampejo flamejante, esquecido a sombra de um desconhecido.

Do orvalho das quedas, trovar pela manhã blasfêmias em Haikai das memórias esquecidas, tocadas em Dó pelos sonetos acordes que em Ré deleitaram-se sobre a mesa do bar, d´onde resplandecia tão cedo a claridade.
A vida tecida nas gotas de chuva entre quedas d'orvalho nascente, fez-se a melodia que pairava no ar, decrescente minuciar das chaves dentre os dedos, do abrir e fechar das portas, o murmúrio semântico das ruas silenciosas que ouviam por vez mais o saudosismo de um homem sustenido pelo instante, em Mi.